Gente da Ulbra
Conheça a trajetória do egresso que se tornou diretor do campus Canoas
Leonardo Haerter dos Santos foi empossado em 17 de outubro
Metade de uma vida se dedicando à mesma instituição, 21 anos entre formação e vida profissional. O reconhecimento veio no mês passado, dia 17 de outubro, quando Leonardo Haerter dos Santos foi oficialmente empossado como novo diretor do campus Canoas. O desafio é enorme, diante das funções mais específicas que realizava como coordenador acadêmico adjunto, cargo que exerceu por dois anos antes de sua nomeação.
Com vasta experiência na área industrial, o novo diretor se diz preparado para a missão que lhe foi designada. Em entrevista, ele deu mais detalhes sobre o que pretende implementar na sua gestão, falou da sua trajetória acadêmica e profissional na Universidade e também um pouco da sua forma de trabalhar. Confira abaixo a entrevista completa:
Como foi a sua formação acadêmica e no que ela te agregou profissionalmente?
Leonardo Haerter dos Santos - Eu comecei a graduação na Ulbra em 1997. Escolhi o curso de Engenharia Mecânica porque eu já havia feito o curso técnico em Mecânica e já estava trabalhando na área havia algum tempo, mais ou menos um ano e meio. Trabalhei na indústria e vi que era aquilo que eu queria. O que permitia que eu estudasse era o dinheiro que eu ganhava no meu trabalho. Eu consegui um crédito educativo de 50% e a outra metade eu pagava integralmente com o meu salário. Não sobrava nada, dava certinho. Com o tempo, eu fui agregando o que aprendia na Universidade à experiência que eu tinha dentro da indústria e fui subindo os degraus da minha profissão. Essa ligação entre a evolução dentro do curso e o crescimento profissional foi bem visível. À medida que eu ia adquirindo conhecimentos, eu conseguia aplicar na indústria, e isso fez com que eu tivesse êxito.
Como foi o primeiro emprego como graduado e a oportunidade de fazer o mestrado?
Santos - Quando eu me formei, um professor meu, que era gerente em uma empresa multinacional de São Leopoldo, me convidou para trabalhar com ele. Me graduei em janeiro, em abril estava de carteira assinada como engenheiro. Mesmo assim, me faltava alguma coisa. Eu estava só trabalhando, mas estava acostumado à rotina de três turnos e meu deu um vazio. Então, eu pensei: "e agora, o que eu vou fazer?". Voltei para a Ulbra e procurei o professor que me orientou no TCC, o Gilnei Ocácia. Eu perguntei para ele o que tinha para eu fazer, pois estava cansado de ficar em casa. Ele me disse que tinham o mestrado.
Minha primeira reação foi perguntar quanto custava. Ele perguntou se eu queria mesmo vir, e eu disse que sim. Ele me disse que, caso eu quisesse mesmo vir, ele arranjaria uma bolsa. Na época, ele tinha um projeto de pesquisa com a Sul Gás, então me colocou como bolsista dele no projeto de pesquisa. Isso foi em 2004, um ano após me formar. Outros três alunos entraram junto comigo e todos dão aula aqui hoje.
A Instituição, ao contratar pessoas que estudaram aqui, confirma que confia no profissional que está sendo formado nos seus cursos. A Ulbra faz isso. Se nem quem te formou quer te contratar, por que alguma empresa contrataria? É mais ou menos esse o pensamento. É uma política que existe e mostra que a Universidade se preocupa com as pessoas, não só com dinheiro.
Quando você passou a sentir vontade de ser professor? Era algo que já passava pela sua cabeça?
Santos - Eu estava quase terminando o mestrado quando virei professor da Ulbra. Nunca tinha passado pela minha cabeça. Eu achava que o meu negócio era indústria, inclusive enquanto eu fazia o mestrado. A Ulbra estava numa fase de expansão dos cursos de Engenharia, então precisavam de mais professores. E dentro dessa política de dar oportunidades a quem a Instituição já conhece, eles me convidaram. Agradeço novamente ao professor Gilnei e também ao professor Lesina, que atualmente é o coordenador do curso, pois foram eles que me deram essa chance.
Confesso que tomei um susto, na época. Eu achava que dar aula não era pra mim, até porque nunca tinha feito isso na minha vida, sou tímido pra caramba. Mas eu já desenvolvi um recurso que facilita no enfrentamento à minha timidez, então ela dura até o momento que eu começo a falar, principalmente se eu estiver falando sobre um assunto que eu domino, que eu conheço.
Como foi esse começo como professor da Ulbra?
Santos - O primeiro semestre foi bem complicado. Foi bem difícil mesmo. Até cogitei desistir, mas o professor Lesina me demoveu da ideia, disse que iam me ajudar. É bem o jeito paizão dele. Eu segui e acabei tomando gosto pela coisa, comecei a aprender como ensinar, como fazer o aluno entender e fui agregando com toda a minha experiência de indústria. Então, com o tempo fui notando que a parte mais legal do meu dia era dar aula. Em 2008, surgiu a oportunidade de trabalhar 40 horas na Universidade e eu inverti, pedi demissão da indústria e assumi como professor na parte da tarde e da noite.
Qual é a parte que mais gosta da atuação como professor?
Santos - A parte de coordenação de TCC. É um momento riquíssimo, pois é quando tu tens o contato mais próximo com o aluno, é quando ele está carente e tem muita dificuldade. A reestruturação curricular pretende mudar isso, mas na metodologia tradicional o aluno não tinha um grande protagonismo, então se tornava muito mais dependente do professor. É a oportunidade que nós temos de formar amizades que duram pra vida toda. Vários grupos de alunos se reúnem até hoje e me convidam para participar.
Essas atividades como professor e a aproximação com os acadêmicos te fizeram ter mais vontade de exercer outras funções dentro da Universidade?
Santos - Com certeza. Eu sempre trabalhei ao lado do professor Lesina com essas questões de organização do curso, de TCC e outros assuntos relacionados, atuando próximo da coordenação do curso. E essa atuação foi vista pelo antigo diretor, Erivaldo Diniz de Brito, e pela professora Lucimar, que me convidaram para trabalhar na coordenação acadêmica. Depois, fazendo um bom trabalho, creio que a Reitoria reconheceu meu esforço e me nomeou diretor do campus. Uma coisa veio puxando a outra. Fiz meu trabalho de forma séria, da melhor maneira possível.
E agora, como novo diretor do campus, quais são as melhorias que pretendes fazer na unidade de Canoas? Além da reestruturação pedagógica, o que tem sido pensado?
Santos - Algo que penso ser fundamental é essa interação entre aluno e professor. O aluno precisa de suporte para realizar seus projetos na formação acadêmica. É isso que faz com que ele permaneça na Universidade. Outra questão é a manutenção estrutural. Ainda temos várias carências na nossa estrutura. Nesse mapeamento que estamos fazendo, a ideia é montar um plano de revitalização das salas, associado com um cronograma financeiro que precisamos acertar com a mantenedora. Ou seja, realizar mudanças que sejam percebidas pelos alunos. É importante que consigamos melhorar um pouco a cada semestre.
Nós vamos fazer análises criteriosas para pleitear junto à Reitoria e mantenedora os recursos necessários para melhorar a estrutura do campus. Além disso, queremos trabalhar com prevenção, antevendo problemas estruturais e reduzindo possíveis custos de manutenção corretiva. Tivemos alguns problemas que poderiam ter sido evitados, caso houvesse uma manutenção preventiva. Seguiremos por essa linha de trabalho nessa nova gestão.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS
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