Comunidade
Hospital Veterinário oferece atendimento para animais silvestres
Consultas são realizadas sempre às quartas-feiras pela manhã
Calu é uma calopsita de 18 anos e, no início deste mês, apresentou um ressecamento e aumento de volume no bico que chamaram a atenção de sua tutora, a médica veterinária Flávia Borges. Atenta e preocupada aos sinais do seu pet exótico, a egressa da Ulbra retornou ao campus para uma consulta no Hospital Veterinário da Universidade, que vem desde o início do ano oferecendo, sob a coordenação do professor Elisandro Santos, atendimentos a animais silvestres. "Mesmo tendo experiência na área, prefiro procurar uma assistência especializada", revelou. Já dentro do consultório, antes de iniciar o atendimento, o docente passou as primeiras orientações para a estagiária e acadêmica do 8º semestre do curso de Medicina Veterinária, Maísa Martins, que acompanhava o atendimento.
"É importante checar se as janelas e portas estão fechadas e se não há ventiladores ligados na sala, evitando fugas ou acidentes dos animais, pois eles oferecem mais dificuldade de manipulação", orientou, já demonstrando que o contato com os chamados domésticos não convencionais é diferenciado. Antes de retirar Calu da gaiola e examiná-la, o professor procurou investigar com a tutora como o bichinho era criado. "Na consulta com os silvestres passamos mais tempo procurando conhecer a rotina deles para tentar entender a queixa. Diferente de cães e gatos, eles mascaram mais os sinais clínicos. Chegam aparentemente saudáveis, por isso essa observação do cuidador ajuda muito a fechar o diagnóstico. São animais com peculiaridades fisiológicas, anatômicas e comportamentais", explicou o médico veterinário.
Foco na informação
As enfermidades que animais como coelhos, roedores e aves mais têm apresentado nos atendimentos no Hospital Veterinário são provocadas por falhas nos cuidados com o animal dentro de casa, relacionadas, por exemplo, à deficiências nutricionais. "Às vezes, as pessoas acabam tentando criar animais silvestres como se estivessem com animais domésticos. Falta informação sobre o tipo de exigência dos animais exóticos", destacou Santos. Foi justamente pensando em minimizar a falta de informação dos tutores sobre os cuidados com os bichinhos que o professor, especialista em animais silvestres, passou a oferecer o atendimento clínico na Ulbra, realizado sempre às quartas-feiras, das 9h às 12h, mediante agendamento. O espaço também possui estrutura para internação dos animais, com um ambiente separado dos domésticos.
Interação garantida
Embora peculiares, os pets exóticos também interagem com os tutores. "Se apegam ao dono, criam laços. Atendemos, por exemplo, uma ratinha que retribui o afeto da sua dona. Animais como répteis interagem menos, mas com outros, como os roedores e os lagomorfos, como os coelhos, há interação", explicou o professor. Adotar silvestres como animais de estimação também traz diferenciais em relação às exigências de manutenção. "Coelhos, por exemplo, são mais independentes, dependem de um espaço menor para criação, é mais fácil de oferecer alimentação. Os hamsters também são criados em gaiolas, demandando menos espaço", completou o professor.
Área atraente
Foram justamente essas peculiaridades dos silvestres que atraíram a atenção da acadêmica Maísa Martins para a área e a fizeram se candidatar para uma das três vagas de estágio voluntário que o projeto abriu para os atendimentos no Hospital Veterinário. "A área é muito ampla e há diversidade de animais, ter esse contato é muito enriquecedor para o currículo", destacou a aluna. A predileção pelo tema é tamanha que Maísa ainda preside na Ulbra um grupo de estudos de animais silvestres, com a coordenação do professor Elisandro e da docente Mariângela da Costa Allgayer. O grupo existe desde 2015 e propõe, semanalmente, a discussão de casos e aulas práticas com convidados da área de fora da Universidade. "Promovemos nesse espaço palestra para a troca de experiências, como o curso de manejo de serpentes realizado neste ano", completou Maísa.
Marla Cardoso
Jornalista Mtb 13.219
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