Em Nome da Ciência
O impacto das usinas à base de carvão na saúde da população
Doutoranda avalia o impacto ambiental na geração de energia elétrica
A biomédica Melissa Rosa de Souza, doutoranda do Programa de Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde (PPGBioSaúde), vem dedicando tempo e estudos à pesquisa intitulada Saúde ambiental: avaliação do ambiente e de populações humanas em regiões sob influência de usina termelétrica à base de carvão.
Em seu projeto, a pesquisadora busca analisar o impacto da extração e uso deste mineral na poluição ambiental e danos ao bem-estar da comunidade que vive no entorno dos municípios onde o combustível fóssil é utilizado para geração de energia elétrica.
A cidade de Candiota, no Rio Grande do Sul, foi o local escolhido pela aluna da Universidade Luterana do Brasil para a realização deste trabalho em razão da grande concentração de jazidas, que juntas representam 38% de todo carvão nacional.
A avaliação da saúde de diferentes populações que habitam as regiões de exploração e queima do mineral, através da utilização de diferentes metodologias relacionadas ao ambiente, e tendo em vista, também, a direção preferencial de ventos, são fatores que levaram à escolha dos municípios gaúchos de Aceguá, Bagé, Candiota e Pinheiro Machado, situados no sudoeste do Estado.
Atividades relacionadas ao uso do mineral
A queima de carvão ao redor do mundo gera impactos ambientais caracterizados por emissão de gases, partículas e subprodutos de condensação nocivos ao solo, água e atmosfera, tornando as atividades relacionadas ao uso deste mineral responsáveis pela diminuição da qualidade do ar, queda de chuva ácida, subsidência da superfície terrestre, destruição de habitats florais e faunísticos, fatalidades humanas e aumento de doenças.
De acordo com os estudos de Melissa, indivíduos expostos ao carvão podem ser mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças respiratórias e cardiovasculares, bem como danos ao DNA, instabilidade genômica e, consequentemente, predisposição ao câncer.
As relações entre os resultados obtidos nesta pesquisa, iniciada em 2017, podem aumentar o entendimento da interação deste mineral com a saúde da população.
A participação consiste na aplicação de um questionário com perguntas relacionadas com o estilo de vida dos voluntários, bem como na coleta de amostras de material biológico (sangue, urina e mucosa oral). "O apoio das prefeituras e a rede de educação dos municípios foram de extrema importância para a visibilidade deste projeto junto às comunidades locais, pela relevância social e científica que ele representa, podendo refletir em melhorias da saúde pública", explica a pesquisadora.
Sobre o resultado final deste estudo, Melissa destaca que "o desenvolvimento desta pesquisa de doutorado possibilitará entender melhor por quais mecanismos esta população pode estar afetando e, com isto, pensar no desenvolvimento de ações para alertar a população sobre formas de prevenção".
Confira a matéria da Ulbra TV AQUI e acompanhe em ulbra.br/diacdaciencia as produções da campanha Em Nome da Ciência.
Andréia Pires
Jornalista - MTb.: 17.976
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