Automação Industrial
Quando o sonho de estudar fala mais alto
Ifekayode Omoniyi veio da Nigéria para se formar na Ulbra
Mais de 7 mil km separam o Brasil da Nigéria. Para chegar aqui, partindo do país africano, é preciso atravessar o oceano Atlântico e dedicar, pelo menos, 9 horas de viagem de avião. A distância, porém, não foi empecilho para que o nigeriano Ifekayode Isaac Omoniyi, 36 anos, deixasse a cidade de Lagos em busca do sonho do diploma de graduação.
A mudança ocorreu há 15 anos, tempo suficiente para que ele percorresse um longo caminho e muitos desafios até a conclusão da graduação na Ulbra, na sexta-feira, 3 de agosto, no Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial. "Chegar até aqui foi uma batalha, passa um filme na cabeça de tudo o que enfrentei. Um cara que não tinha um centavo agora vai colar grau", lembrou Omoniyi, enquanto aguardava para vestir a toga ao lado dos colegas de formatura.
Incentivado pelos pais e pelos quatro irmãos a dar continuidade na faculdade de Engenharia Elétrica no Brasil, em 2003, com 21 anos e um visto de estudante, o nigeriano desembarcou no país como bolsista de uma universidade paulista. A primeira dificuldade foi imposta logo nos primeiros meses de estudo. "Em um ano precisaria me submeter a uma prova de proficiência em língua portuguesa, mas ela acabou sendo aplicada em apenas seis meses e não passei. Acabei perdendo o benefício", recorda.
Focado em estudar, Omoniyi não cogitou voltar para a casa. Começou a trabalhar e a guardar as economias para investir em uma graduação. "Trabalhei em Minas Gerais e depois vim para o Rio Grande do Sul. Aqui conheci a Ulbra e retomei em 2005 a faculdade de Engenharia Elétrica", lembra.
Foi necessária persistência diante de uma rotina que seguiu impondo a distância da família, uma cultura e idioma diferentes e longos deslocamentos em quatro conduções para chegar à Universidade. "Era cansativo porque vivi essa rotina por 13 anos, em alguns semestres conseguia cursar apenas uma disciplina, mas sabia onde queria chegar. Quando estudamos fora do nosso país somos vistos com outros olhos, já temos um diferencial e mais chances na disputa de uma vaga", justificou.
O incentivo para seguir, mesmo diante das adversidades, o nigeriano conta que também veio da própria Ulbra, quando foi estimulado pelo coordenador do curso a aproveitar a conclusão de 60% da graduação de Engenharia para ingressar na Automação Industrial. "São áreas muito semelhantes e foi uma forma de concluir com mais agilidade a faculdade. Agora formado, vou terminar a Engenharia", projeta ele, destacando o apoio dos docentes como fundamental para sua formação. "Sei que o diploma vai me trazer melhores perspectivas de trabalho. Valeu todo o esforço, estou feliz", sorriu o agora graduado.
Marla Cardoso
Jornalista Mtb 13.219
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