PPGEDU
Ciclo de debates da Ulbra analisa o Legado de Maio de 1968 para o mundo
Palestra analisou impacto do movimento francês nas relações de trabalho
Uma videoconferência com a docente do Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Tatiana Roque, abriu o ciclo de debates Para Não Esquecer Maio de 1968, na manhã desta quinta-feira, 24 de maio, no auditório do prédio 59 da Ulbra Canoas.
Promovido pelo Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEDU), o evento refletiu sobre o legado das manifestações estudantis que há 50 anos paralisaram a França contestando as políticas instituídas pelo presidente Charles De Gaulle. A palestra de abertura, que contou com a mediação do professor Moysés da Fontoura Pinto Neto, tratou do impacto do movimento francês no mercado de trabalho da época. Conforme Tatiana, que preside o sindicato de docentes da UFRJ, as manifestações políticas daquele período ajudaram a questionar o status quo do modelo de gestão econômica do pós-guerra.
Segundo a docente, no final da segunda-guerra foi possível colocar em prática um pacto entre capital e trabalho que convencionou-se a chamar de Estado de Bem-Estar Social. Um sistema que visava implantar o pleno emprego a partir de um esforço de industrialização nacional e de reconstrução dos países destruídos pelos anos de combate. "O problema é que a universalização do emprego era um mito, diversos segmentos sociais ficaram de fora desse pacto, como as mulheres, negros e imigrantes. O wellfare estate francês funcionava bem para o chefe de família, o homem branco heterossexual e de classe média", avalia a pesquisadora, destacando o fortalecimento das lutas por Direitos Humanos como uma das pautas que amadureceram no imaginário coletivo a partir daquele momento histórico.
Escritora e autora de livros premiados, como História da Matemática - Uma Visão Crítica, Desfazendo Mitos e Lendas, obra vencedora do Prêmio Jabuti de 2013, Tatiane entende que a luta identitária daquele período não encontrou eco nos partidos tradicionais de esquerda europeus que vieram após a revolução cultural do final dos anos de 1960, o que resultou na ascensão das políticas neoliberais das duas décadas seguintes.
"No Brasil, o paralelo que podemos fazer, guardando as devidas proporções, é o esgotamento do pacto desenvolvimentista brasileiro do começo do século XXI, que foi contestado em junho de 2013", diz a educadora, comparando os acadêmicos liderados pelo líder estudantil, Daniel Cohn-Bendit, com os protestos que, 45 anos depois, levaram milhares de brasileiros às ruas das principais capitais para tentar barrar o aumento das tarifas do transporte coletivo urbano municipal.
Após o término do webmeeting, uma rodada de perguntas foi aberta para o público. "A emergência dos movimentos por Direitos Humanos influenciou muito a área dos estudos culturais. Podemos dizer que é impossível compreender os autores e temáticas que abordamos em nosso programa de mestrado e doutorado sem nos debruçarmos sobre o legado de maio de 1968. Por isso decidimos organizar esse evento. Esse meio século não poderia passar incólume aqui na Ulbra", pontuou Moyses Neto no começo da atividade. O seminário Para Não Esquecer Maio de 1968 segue até esta sexta-feira (25). Às 16h o vice-reitor da Ulbra, Ricardo Willy Rieth, encerra os debates com uma palestra sobre a Teologia da Libertação.
Confira abaixo a programação completa do último dia do evento:
25/5 (sexta-feira)
10h - Panteras Negras e o Movimento Negro
Luiz Maurício Azevedo (UFRGS) e Deivison Moacir Cezar de Campos (Ulbra)
14h - A Poeira da História: Ambiente e Objeto na arte de 68
Sergio Martins (PUC-RJ)
15h45min - Intervalo
16h - 1968 e os Movimentos da Teologia da Libertação
Ricardo Rieth (Ulbra)
Marcus Perez
Jornalista Mtb 17.602
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