Na literatura
Pedagogia debate a realidade étnica e religiosa
Evento teve como tema diversidade étnica-cultural e representatividade
A disciplina de Fundamentos Teóricos e Metodológicos das Ciências Humanas do curso de Pedagogia da Ulbra Canoas promoveu na noite de sexta-feira, 18 de maio, uma atividade que contemplou a temática transversal relativa à educação infantil e séries iniciais ligada à questão afro-brasileira. A programação contou com uma palestra sobre temas de identidade étnica e empoderamento. Na segunda parte do encontro, houve a apresentação de um grupo de cultura e dança de Alvorada que trabalha com crianças em situação de risco.
De acordo com a professora titular da disciplina, Juliane Gomes, a atividade tem como propósito formar acadêmicos que tenham competência para atuar dentro da realidade plural, tanto étnica como religiosa. "Infelizmente, o racismo velado continua existindo em nossa sociedade. Diante dessa constatação, enquanto educadores, precisamos pensar em mecanismos para reverter essa situação. Precisamos trabalhar pedagogicamente para o entendimento das questões étnicas", destacou Juliane.
Autora de nove livros infantis que abordam a temática diversidade étnico-cultural, a professora de geografia do colégio Aplicação de Porto Alegre, Maíra Suertegaray, demonstrou aos estudantes do curso de Pedagogia novas possibilidades de trabalho ao falar sobre a importância da representatividade dentro da literatura para crianças.
"Os futuros educadores precisam debater temáticas étnicas, mesmo com as crianças das séries iniciais", afirmou Maíra. Ao mencionar um de seus livros, intitulado Dandara e a Princesa Perdida, a convidada relembrou que escreveu a obra para responder ao questionamento de sua filha Dandara Rossato da Silva. "Ela me perguntou por que não existiam histórias de princesas negras nos livros que lia. Fui atrás de respostas e graças às pesquisas que fiz tive vontade de escrever. O livro aborda aspectos da cultura africana e resgata assuntos ligados à escravidão", disse.
A última atividade da noite foi a apresentação do grupo de cultura e dança Afro-Axé Delê, da cidade de Alvorada. Crianças e adolescentes realizaram coreografias de dança e ainda dialogaram com a plateia sobre as dificuldades de serem crianças negras e de religião de matriz africana no Brasil.
Saiba mais sobre a ONG
O grupo Afro-Axé Delê de Alvorada é uma organização não governamental (ONG) criada para trabalhar com crianças. Entre as ações desenvolvidas estão incluídas atividades na área de computação e questões ligadas à cultura afro-brasileira através da pesquisa e da dança. Participam da ONG crianças e jovens dos seis aos 25 anos. Criado em 2007 para mostrar a arte, a magia, o colorido das roupas, a força dos movimentos e o axé das danças oriundas dos negros escravizados vindos da África, o Afro-Axé Delê fez mais de 500 apresentações no Estado do Rio Grande do Sul.
André Bresolin
Jornalista MTb 18.183
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