Gente da Ulbra
Paulo das Neves: Paixão por minerais desde a infância
Docente coordena o Laboratório de Mineralogia do campus Canoas há 28 anos
Professor da Universidade Luterana do Brasil há quase 30 anos, Paulo César das Neves possui em seu DNA a paixão pela mineralogia, o estudo dos minerais. Com mais de 14 obras publicadas sobre o assunto no currículo, o docente dos cursos de licenciatura em Química, de bacharelado em Química Industrial e de Engenharia Civil soube desde cedo qual era a sua paixão. Aos 7 anos de idade, o gaúcho natural de São Gabriel já dizia que gostaria de ser geólogo.
A afirmação, inusitada para uma criança, se consolidou no imaginário do menino, que ao ver um documentário sobre vulcões na televisão, tomou a decisão que moldaria sua carreira e vida. "Nunca tive uma segunda opção, a geologia sempre foi a minha primeira e única vocação", relembra o docente de 63 anos que durante sua graduação, na década de 1970, teve a oportunidade de conhecer um vulcão em atividade, no Equador.
O medo que sentiu na ocasião foi grande, mas não tão marcante quanto o que ele afirma sentir toda vez em que pisa em uma sala de aula. "A primeira vez que lecionei foi na Ulbra, no começo dos anos de 1990. Fiquei muito nervoso, na época deveria ter umas 20 pessoas na sala. Até hoje ainda sinto um pouco desse pavor", conta rindo o pesquisador que ingressou na Universidade Luterana do Brasil para ensinar Botânica, mas logo mudou o campo de atuação.
À frente do Laboratório de Geologia e Mineralogia, o educador conseguiu estruturar uma significativa coleção de rochas, com mais de 2 mil exemplares, 1,2 mil delas catalogadas. O espaço, que ocupa duas salas refrigeradas no 2º piso do prédio 1 do campus Canoas, é quase o escritório de Neves, que, escondido no meio de livros e amostras rochosas, alcança o mundo através de suas publicações, como a Enciclopédia de Minerais do Brasil, catálogo acadêmico idealizado em parceria com o pesquisador da Universidade de São Paulo, Daniel Atencio, que acaba de ter o 5ª volume lançado.
"Uma das maiores contribuições que deixo para ciência é esse trabalho, considerado pela comunidade internacional como um levantamento sem precedentes", destaca orgulhoso o pesquisador que tem planos de se aposentar dentro de um ou dois anos.
A proximidade da conclusão do ciclo de sua carreira como docente não tira a tranquilidade de Neves, mas, no entanto, provoca uma certa melancolia, principalmente quando ele lembra de estudantes marcantes que alçaram voos depois de formados e conquistaram grandes feitos em suas vidas profissionais. "Os êxitos e méritos dos meus ex- alunos são todos deles. Eu apenas fico orgulhoso por contribuir, mesmo que minimamente, para o amadurecimento deles", revela humildemente Paulo das Neves, um apaixonado pelos minerais e pela docência.
Marcus Perez
Jornalista Mtb 17.602
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