Inspiração
Aos 77 anos, José Carlos Dias se forma em Psicologia
Depois de 10 anos na Universidade, idoso colou grau no dia 13 de janeiro
Há mais de uma década, sentado na frente da televisão, o aposentado José Carlos da Silva Dias se surpreendeu com uma reportagem. A matéria trazia a história de um homem de 80 anos que estava prestes a se formar em Direito. "Aquilo me chamou a atenção. Se ele estava se formando, eu, na casa dos 60 anos na época, também poderia ter esse sonho realizado", recorda. O exemplo foi o impulso que o então Inspetor de Tratamento da Corsan precisava para entrar na Universidade e ajudar a engrossar o número de idosos no ensino superior.
De acordo com o Censo da Educação Superior 2016, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no Brasil, 24,5 mil pessoas com mais de 60 anos se matricularam na graduação em 2016 de um total de pouco mais de 8 milhões de matrículas. Só no Rio Grande do Sul, foram quase 2 mil novos estudantes nessa faixa etária, de quase 500 mil matriculados. O número é superior ao levantamento realizado cinco anos antes, quando o Censo da Educação 2011 apontou 17 mil inscritos nessa faixa etária no Brasil e 1,3 mil no Estado.
O motivo para que o ingresso na Universidade tenha sido protelado, no caso de Dias, teve relação com sua dedicação ao trabalho durante toda a vida. "Por 30 anos atuei como funcionário público, viajava muito na função que desempenhava e sempre fui muito dedicado", lembra. Já aposentado, em 2008 foi que ele resolveu estudar o que a prática já havia demostrado possuir como habilidade. "Sempre tive facilidade de relacionamento com as pessoas e durante muito tempo atuei auxiliando a área de treinamento da empresa e, por isso, optei pelo curso de Psicologia", conta ele, que, aos 77 anos colou grau no dia 13 de janeiro, na Ulbra Canoas.
Rotina dedicada aos estudos
Durante os 10 anos em que frequentou a Universidade, o idoso conta que manteve uma rotina dedicada aos estudos. Morador de Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, cursou cerca de três cadeiras por semestre. "Como moro longe da faculdade, pegava disciplinas em dias consecutivos e me organizava para ficar em Porto Alegre para estudar", recorda. O apoio da esposa e dos três filhos foi importante para seguir na jornada, bem como os estímulos recebidos dos amigos e demais parentes. "A família foi fundamental. A minha filha também é psicóloga e, ao longo da formação, conversamos muitas vezes sobre a profissão", revela. No final do curso, com a conclusão do estágio, o idoso conta que vivenciou o que considera um divisor de águas na formação.
Atuando como estagiário na área de Psicologia Clínica, no atendimento de seis pacientes de uma organização não governamental de Canoas, Dias conta que reafirmou sua vocação. "Quando a gente percebe que através do nosso trabalho podemos minimizar o sofrimento das pessoas, é muito gratificante", define. A identificação foi tamanha que o psicólogo quer seguir atendendo voluntariamente na ONG, além de se dedicar a uma pós-graduação. "Uma pessoa que vem estudando e para, regride, porque o mundo continua se desenvolvendo e sem estudo não existe possibilidade de acompanhar", ensina.
Marla Cardoso
Jornalista Mtb 13.219
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