Ciência
Aluna da Ulbra aponta tipo de vida que pode haver em Marte
Estudo analisou bactéria que se reproduz em ambiente igual ao do planeta
Existe vida em Marte? Perguntou certa vez o cantor inglês David Bowie em uma de suas icônicas canções dos anos de 1970. O questionamento feito exaustivamente por cientistas e filósofos ao longo do século XX é tema de debates entre a comunidade acadêmica. Nos próximos meses, a polêmica deve ganhar um novo capítulo, com a publicação de um artigo científico da egressa do bacharelado em Ciências Biológicas da Ulbra Vanise de Medeiros. O estudo, apresentado originalmente como um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), busca caracterizar microrganismos presentes na laguna hipersalínica de Ojos de Campo, situada na região do Atacama, na Argentina, como modelo do tipo de organismo vivo que pode ser encontrado no planeta vermelho.
Em julho de 2016, a acadêmica coletou amostras e realizou testes no lago de sal, localizado em um dos desertos mais altos e secos do mundo. Após 10 dias de trabalho de campo, supervisionado por Maria Eugenia Farias, pesquisadora do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas Argentino (CONICET), a estudante de 31 anos retornou ao Brasil, onde submeteu o material encontrado a uma série de experimentos laboratoriais, desenvolvidos sob o olhar atento da especialista em microbiologia da UFRGS,Dra. Ana Paula Frazzon.
Marciano típico foge do estereótipo da ficção, aponta estudante
O resultado foi surpreendente. Conforme a jovem, natural de Dom Pedrito, se há ou já existiu algum ser vivo em Marte, ele é bem diferente das criaturas esverdeadas que geraram pânico na costa leste Norte-americana, durante a lendária transmissão de Guerra do Mundos, feita por Orson Wells, em 1938. O marciano real está mais próximo da Halononas oalkaliantartica, bactéria encontrada pela dupla no Atacama. "Se a vida existiu ou ainda está presente na superfície e subsolo marciano, ela terá que suportar condições de extrema salinidade, como os organismos presentes em Ojos de Campo", revela a egressa.
Apoiada pelo coordenador do Laboratório de Astrobiologia da USP, Fábio Rodrigues, a bióloga submeteu os microrganismos coletados a condições ambientais semelhantes às encontradas em Marte. Hoje, sabemos que o solo do planeta vermelho possui H20 em forma de gelo e sais de clorato e perclorato em algumas regiões. Isso evidencia a produção de água salina líquida, ingrediente fundamental para manutenção da vida", sugere Vanise, que durante o TCC foi orientada pelo coordenador do curso de Ciências Biológicas do campus Canoas, Marcos Machado.
Para o docente, o levantamento desenvolvido pela acadêmica deve servir de inspiração a todos os estudantes da Ulbra. "Quanto maiores os desafios acadêmicos, mais qualificados serão nossos egressos", garante Machado. "Escolham temas que instiguem seus sonhos e impactem sua formação profissional, por mais difíceis que pareçam", recomenda o gestor acadêmico, que, ao lado de Vanise, pretende publicar um artigo com os resultados do estudo na Revista Astrobiology, uma das publicações especializadas mais importantes do gênero.
Marcus Perez
Jornalista - Mtb 17.602
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