Entrevista
Literatura e Direito: Carlos Nejar palestra na Ulbra Canoas
Indicado ao Nobel de literatura ministrará conferência nesta quinta-feira
Poeta, tradutor, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), procurador de justiça aposentado, um apaixonado pela palavra escrita. Muitos são os adjetivos que definem Carlos Nejar, escritor gaúcho de 78 anos, radicado no Rio de Janeiro, e que palestra nesta quinta-feira, dia 21 de setembro, às 19h, no plenário da reitoria, no prédio 10 do campus Canoas da Ulbra.
Na ocasião, Nejar, um dos indicados ao Prêmio Nobel de Literatura deste ano, abordará a relação entre direito e literatura e de que forma arte e ciência se complementam. Organizada pela coordenação do curso de bacharelado em Direito da Universidade, a atividade possui entrada franca. Autor de obras clássicas, como o Livro de Sibion, e pai do jornalista e também escritor Fabrício Carpinejar, o escritor concedeu uma entrevista exclusiva ao portal da Ulbra, onde refletiu sobre o tema de sua conferência.
Ulbra - Além de traduzir nomes como o de Pablo Neruda, o senhor já publicou mais de 40 obras de sua autoria e foi por muitos anos procurador de justiça do estado do Rio Grande do Sul. No seu entendimento, qual é a relação existente entre o Direito e a Literatura?
Carlos Nejar - Quando fazemos um grande poema, estamos fazendo Justiça, e Justiça não se faz sem amor, que é o grande ingrediente da poesia. A literatura é uma maneira de se descobrir o mundo, algo que só é possível se fazer dentro de condições justas.
Ulbra - O escritor e o poeta muitas vezes são levados por impulsos de inspiração, mas um jurista precisa ser isento para cumprir o que manda a lei, como você percebe essa contradição entre os dois ofícios?
Carlos Nejar- Exercer o Direito demanda equilíbrio, não há um julgamento justo quando este é movido por ódio ou vingança. Isso é algo que eu sempre tive em mente durante o meu tempo de serviço no Ministério Público estadual. Nunca pedi uma condenação quando as provas eram frágeis demais para serem aceitas, algo que muitas vezes vejo acontecer em nosso país. O mesmo digo sobre a poesia, o poeta nada mais é do que um arauto da justiça.
Ulbra - Recentemente o seu nome foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura de 2017, o que isso representa para alguém como o senhor?
Carlos Nejar - Claro que é uma honra muito grande ser nomeado e representar o Brasil, mas encaro tudo com muita humildade. Acredito que a minha obra é que deve falar por mim.
Marcus de Freitas Perez
Jornalista MTb 17.602
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