500 anos da Reforma
Painel integrador encerrou Seminário Internacional
Momento fomentou reflexão sobre crises como elementos de transformação
Um painel integrador encerrou o Seminário Internacional da Reforma Luterana na noite de quarta-feira, 27 de abril. Após a realização de conferências e mesas temáticas, que reuniram pesquisadores das mais diferentes áreas, na análise de como a Reforma Luterana impactou o mundo através da arte, cultura, educação e ciência, o último painel debateu as crises como elementos transformativos, abrangendo desde a Reforma Protestante até as reformas contemporâneas.
Na abertura do evento, o capelão do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná, Paulo Rosa, conduziu o ato litúrgico, deixando a ideia de que Deus apresenta para o homem um local de acolhimento frente às dúvidas e as incertezas. "No Criador, encontramos consolo", afirmou. O reitor da Ulbra, Marcos Fernando Ziemer, expressou o seu contentamento sobre o evento, que foi exitoso ao destacar uma das principais heranças da Reforma, de a universidade ser um espaço de liberdade. "A universidade precisa dialogar com todas as áreas do conhecimento. O ambiente acadêmico é o local em que devemos deixar nosso recado como instituição confessional", salientou Ziemer. Na sequência, o capelão de música da Ulbra, Paulo Brum, subiu ao palco e apresentou duas canções.
O painel promoveu o diálogo e a reflexão, com mediação do coordenador do curso de Teologia da Ulbra Canoas, professor Thomas Heimann. Participaram do encontro o coordenador dos cursos de Letras e Secretariado Executivo Trilíngue da Universidade, Italo Nunes Ogliari; o coordenador do curso de Direito da Ulbra Guaíba, Josué Emílio Möller; o capelão-geral da Aelbra, Maximiliano Wolfgramm Silva; o coordenador de História da Instituição, Rodrigo Lemos Simões; e o professor dos cursos de Teologia da Universidade e do Seminário Concórdia, Clóvis Jair Prunzel.
Participante ativo na construção do Seminário, Ogliari falou de suas percepções vistas sob o olhar de um docente de Letras. "Um Seminário que apresenta como essência uma reforma religiosa que nasce dentro do ambiente acadêmico e que se propõe a discutir educação, ciência e cultura, deve ser observado com muita atenção", ressaltou. Já Möller argumentou sobre a proposta do painel, de fomentar a reflexão a partir das crises como elementos transformativos. "É preciso reconhecer que todo o momento de crise é o instante que nos conduz a questionamentos, reflexões e até confrontações, para então haver a tomada de decisões. E se espera, a partir daí, uma oportunidade de aperfeiçoamento", enfatizou. Ao dar ênfase ao significado de liberdade, Wolfgramm Silva explicou que o ser humano tem ânsia pela liberdade e que ela desempenha o papel de agente catalisador de revoluções, mudanças e transformações. "Liberdade tem a ver com vivermos a plenitude de nossa existência", disse o reverendo. O painelista Simões destacou o caráter interdisciplinar do encontro. "Esse Seminário é um momento único, pois oportuniza a todos a troca de significativas informações entre os educadores." O convidado abordou a crise e as reformas da contemporaneidade dos elementos transformativos sob o ponto de vista da história, da educação e do Brasil. Já o docente de Teologia, Prunzel, afirmou que sua graduação e a capelania precisam permear os outros universos acadêmicos. "Temos que dialogar mais, pois os saberes são universais", finalizou Prunzel.
O Seminário teve o apoio de Fundação Ulbra, Ulbra TV, Rádio Mix FM Porto Alegre, Grupo de Trabalho 500 Anos da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e Igreja Evangélica de Confissão no Brasil, Fundacred - Crédito Universitário, Portho Sul Produtora, Editora Concórdia, Rádio Web Cristo para Todos e dos cursos de Jornalismo, Fotografia e Teologia da Ulbra Canoas.
Walter Altmann e Gerson Leite de Moraes iniciaram as atividades na manhã de quinta-feira
As conferências A Reforma Luterana e Suas Implicações para a Espiritualidade e a Vida Social e Universidade, Ciência e Razão: Um Legado da Reforma iniciaram as atividades do Seminário Internacional Reforma, 500 anos: Educação, Ciência e Cultura na quinta-feira, 28 de abril, no campus Canoas da Ulbra.
Walter Altmann, da Escola Superior de Teologia (EST) realizou a primeira conferência do dia, A Reforma Luterana e suas Implicações para a Espiritualidade e a Vida Social. O autor do livro Lutero e Libertação contextualizou o período do movimento reformista e salientou que Lutero é uma figura controvertida, provocando o público com questionamentos como "Lutero foi um reformador eclesiástico ou um destruidor da Igreja?", disse o pastor, que fez diversas perguntas antagônicas na sequência de sua exposição. Além de enfatizar que a bíblia de Lutero foi um veículo para estabelecer a padronização da língua alemã e que as suas ideias estabeleceram uma nova relação entre a fé e o mundo, Altmann destacou a valorização do cotidiano das profissões. "Naquele período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, as ideias de Lutero fomentaram a ética do trabalho", explicou.
Gerson Leite de Moraes, da Universidade Presbiteriana Mackenzie falou sobre a Universidade, Ciência e Razão: Um Legado da Reforma no segundo evento do dia. Para Moraes, a figura do intelectual é a figura ideal, do sujeito que ensina, que acumulou capital cultural e traz o novo para o seu momento. "A universidade tem essa função. Os intelectuais que existiram e existirão na universidade são os tipos ideais, que tentam oferecer para os seus dias algumas chaves de leitura para compreender melhor a realidade. O trabalho realizado no ambiente universitário é sempre de assimilações, de ancoragens e uma geração só pode entender algo com outra geração se houver uma transmissão". Em alguns outros idiomas que não o português, a palavra tradição tem peso de chumbo, tradição é aquilo que uma geração deixa como legado para outra. Em português vira pó, algo arcaico, atrasado, que precisa ser abandonado.
A Reforma se iniciou nas mãos de um monge, mas também de alguém que habita a universidade, o espaço de renovação naquele momento, de intelectuais que podem entender o melhor em seu tempo e oferecer algum tipo de resposta. "Professor universitário, alguém que recebeu como missão interpretar a bíblia. Ele toma isso como missão de vida, ensinar ao povo as sagradas escrituras. Quando falamos em universidades tomamos referência essa posição de Lutero. A universidade ainda forma opinião, ainda faz com que as pessoas pensem de forma diferente. Ela ainda tem esse papel."
Público conferiu exposições
O público que participou das atividades do Seminário conferiu as exposições que permaneceram durante todo o evento em frente ao auditório onde foram realizadas as conferências e painéis. Vários banners com pesquisas sobre a Reforma Luterana, em que participaram uma centena de alunos dos cursos de licenciaturas, estiveram expostos no prédio 11. A professora do curso de Pedagogia, Graciele Lima Lopez, enfatizou o engajamento dos alunos. "Os alunos que participaram de todas estas pesquisas permaneceram engajados, muitos com dificuldades financeiras mantiveram seus projetos, que hoje estão expostos aqui. Toda essa exposição é fruto de um trabalho lindo sobre a Reforma, com o envolvimento de acadêmicos e professores dos cursos de licenciatura da Ulbra", disse Graciele, que orienta o público sobre os banners.
A exposição Retratos também marcou presença no prédio 11 com o trabalho realizado na disciplina de Fotografia Editorial, ministrada pelo professor Fernando Pires, do Curso Superior de Tecnologia em Fotografia. Releituras de retratos pintados por Lucas Cranach, o Velho (Alemanha, 1472-1553), foram apresentadas em registros fotográficos. A mostra teve a colaboração do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética na produção dos modelos.
Caren Moraes
Jornalista - Mtb 11.772
André Bresolin
Jornalista - Mtb 18.183
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