Pesquisa
Células-tronco extraídas de sisos podem auxiliar combate à osteoporose
Pesquisadores da Ulbra sintetizam tecido ósseo a partir de dentes
Um grupo de pesquisadores da Ulbra manipula células-tronco extraídas da polpa dentária humana e transforma em tecidos ósseos e cartilaginosos. O estudo encontra uma utilidade terapêutica para algo que é sinônimo de dor e desconforto a muitas pessoas: os sisos. Conforme artigo publicado no começo de março, pela Revista Stomatos, do curso de Odontologia da Universidade, na região onde são extraídos os sisos é possível obter o material genético necessário para a sintetização de osteoblastos e condroblastos, matrizes celulares dos nossos ossos e cartilagens.
A descoberta abre espaço ao desenvolvimento de novos tratamentos para a cicatrização de fraturas e combate à Osteoporose, doença que hoje aflige mais de 20 milhões de brasileiros, quase 10% da população. "Um osteoblasto é capaz de produzir tecido ósseo em até 12 horas. Na região onde ficam os terceiros molares, conseguimos obter até 10.000 células-tronco por milímetro quadrado. Quando isoladas em laboratório, geram a mesma quantidade de células ósseas e cartilaginosas jovens", explica Paulo Oliva de Borba, docente e odontologista que, juntamente da professora Melissa Camassola, é responsável pelo estudo pioneiro no país.
Por mais de dois anos, ele e sua equipe conduziram testes no Laboratório de Células-Tronco e Engenharia de Tecidos do campus Canoas, instação que integra o Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde da Instituição. Os resultados quebram paradigmas dentro da comunidade acadêmica, afirma Borba. "Muitos dentistas recomendavam a formação de bancos de células-tronco a partir de dentes de leite, pois eles possuem carga genética embrionária. Além de fazermos o mesmo com os sisos, que são permanentes, também conseguimos demonstrar uma aplicação prática para este conjunto celular", comemora.
Atualmente, a medula óssea é reconhecida pela ciência como a principal fonte de células-tronco. A extração a partir da polpa dentária tem custo operacional inferior, uma vez que os procedimentos clínicos são mais simples de serem realizados. "Hoje, existem no país centenas de bancos de células-tronco, inclusive de dentes, mas a manutenção desse tipo de serviço é muito cara. É preciso investimento para popularizar a regeneração celular fins medicinais", explica o pesquisador.
Veja detalhes na reportagem da TV Record
Marcus de Freitas Perez
Jornalista MTb 17.602
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