Ciência
Pesquisador da Ulbra apresenta novo tipo de roedor
Juliomys ximenezi foi encontrado em Cambará do Sul, na região norte do RS
O professor do Museu da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Alexandre Christoff, em conjunto com pesquisadores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e da Universidade de Brasília (UnB), revelou recentemente a descoberta de uma nova espécie de roedor. Batizado de Juliomys ximenezi, em homenagem a um dos pioneiros da mastozoologia sul-americana, o uruguaio Juan Alfredo Ximenezi Trianón, o roedor de aproximadamente 9 centímetros de comprimento foi encontrado há cerca de oito anos, no Parque Nacional Aparados da Serra, reserva ambiental localizada próxima ao município de Cambará do Sul, no extremo norte do Rio Grande do Sul.
A descoberta foi oficialmente reconhecida pela comunidade científica internacional, em 19 de maio deste ano, através da publicação online de um artigo na página do Journal of Mammology, periódico que é referência mundial no estudo de mamíferos. Fruto de uma minuciosa investigação, a catalogação da nova espécie se deu por meio de uma série de análises comparativas do DNA, dentição e anatomia do crânio do Ximenezi em relação ao de outros exemplares do gênero Juliomys. Conforme Christoff, o achado comprova que a biodiversidade gaúcha é ainda mais rica do que supunha a ciência. "Encontrar um animal desconhecido permite reavaliar a visão que especialistas têm do ecossistema encontrado no bioma da Mata Atlântica. Neste sentido, ainda é possível fazer muitas contribuições para os diferentes gêneros de mamíferos da América do Sul", avalia o cientista, que ressalta a importância de pesquisas com roedores para a melhor compreensão da biodiversidade e os reflexos da ampliação desse conhecimento sobre outros temas como a conservação e saúde pública.
Segundo estudos da anatomia de crânio e dentes, o Juliomys ximenezi se alimenta basicamente de material de origem vegetal como folhas, sementes e frutos, e difere de outras espécies de roedores por apresentar a coloração do focinho levemente alaranjada. Apesar da relevância do tema, pouco se pode afirmar acerca dos hábitos e do comportamento desse roedor silvestre, uma vez que estudos complementares precisam ser realizados para a apuração dessas informações.
Para Christoff, que também é consultor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o impacto sobre a floresta com araucárias no Brasil, habitat natural do roedor arborícola, representa um grau de ameaça para a espécie, uma vez que o Bioma Mata Atlântica teve sua área drasticamente reduzida nos últimos 200 anos, atingindo em torno de 4% do seu tamanho original. "O Juliomys ximenezi já surge sendo apresentado pela ciência com uma atenção especial, porque ele está dentro de um bioma que tem sofrido um impacto ambiental severo. Portanto, devemos ter um olhar diferente sobre um organismo neste contexto, pois pode ser que já exista algum risco de ameaça sobre a espécie", pondera o docente.
Marcus Perez
Jornalista MTb 17.602
Saiba mais sobre Alexandre Christoff
Clique no vídeo abaixo e confira detalhes da descoberta.
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