Mês da Consciência Negra
Mostra de Cinemas Africanos termina nesta sexta-feira
Último cine-debate terá a participação de intercambistas angolanos
O estudante do terceiro semestre do curso de Engenharia Ambiental e intercambista angolano, José Alexandre Palanco, acompanhava curioso o bate-papo sobre Yaaba, filme premiado no Festival de Cannes de 1989 e exibido na noite de ontem, 12 de novembro, no auditório do prédio 59 do campus Canoas, durante o penúltimo cine-debate da Mostra de Cinemas Africanos.
Para Palanco, a iniciativa de se discutir a história e as tradições dos povos da África a partir de suas produções cinematográficas é louvável, principalmente para romper a barreira do senso comum. "Nós sabemos muito sobre o Brasil, mas os brasileiros não conhecem nada a respeito de Angola, generalizam muito a cultura africana. Acho que atividades como essa servem para mostrar que existem diferenças étnicas, folclóricas e históricas entre os povos do continente", apontou o acadêmico.
Assim como ele, outras 30 pessoas prestigiaram a película do diretor Idríssa Quedraogo, que conta a inusitada história de amizade entre um menino de dez anos, Bila (Noufou Ouédraogo), e uma senhora idosa, a qual ele chama de avó (Yaaba no dialeto Mossi). Filmado no final dos anos 80, a produção resgata o período pré-colonial de Burkina Faso e por isso retrata os costumes e hábitos de uma época em que o país não sofria tanto a influência do homem branco.
"Esta produção marca uma fase de transição entre o cinema militante que era realizado até o final dos anos de 1970 e, portanto, consequência do processo de independência de diversas colônias africanas para uma sétima arte mais enraizada na formação de uma identidade nacional", explicou Pedro Henrique Gomes, jornalista e curador da mostra, em debate realizado após o término da sessão.
Junto a Gomes estavam o crítico de cinema e programador da Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, Leonardo Bomfim, e o coordenador do curso de História da Unidade, professor Roberto Santos. Este último também saudou a disposição dos estudantes de participarem de atividades extraclasse tão ricas. "Vocês estão em uma Universidade, um lugar para se fazer leituras novas sobre o mundo e são eventos como esse que permitem isso", destacou o docente.
A Mostra de Cinemas Africanos fecha sua última noite de debates nesta sexta-feira, 13, com a exibição de "Na Cidade Vazia", um dos primeiros filmes produzidos em Angola após o fim de uma guerra civil de mais de 25 anos. A sessão contará com a participação e os comentários de dois alunos intercambistas do país, que farão o contraponto às observações do pesquisador e doutor em comunicação Social, Rafael Valles. O evento aberto ao público é organizado pelo curso de Jornalismo da Ulbra Canoas e integra o calendário de atividades do Mês da Consciência Negra. A entrada é franca. Mais informações podem ser obtidas junto à coordenação do respectivo curso pelo telefone (51) 3477.4000, ramal 9507.
Marcus Perez
Jornalista- Mtb 0017602
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