Predador e presa
Predador e presa de 238 milhões de anos
Pesquisadores apresentam fósseis encontrados no interior gaúcho
Os paleontólogos da ULBRA, Sérgio Cabreira e Lucio Roberto da Costa, apresentaram na manhã desta terça-feira, 11.01, os fósseis de um Tecodonte (arcossauro basal rauissúquio) e de um Dicinodonte, o predador e a presa potencial, respectivamente. O afloramento fossilífero está localizado na margem da RST-287, no km 173, na divisa de Novo Cabrais e Paraíso do Sul, no interior do Rio Grande do Sul.
O fóssil de Tecodonte mede aproximadamente três metros de comprimento, tem o esqueleto todo articulado, quase completo, faltando apenas o crânio. Podem ser vistas as cinturas escapulares, membros anteriores (úmero, ulna e rádio, e a pata anterior), cintura pélvica e membros posteriores (fêmur, tíbia, fíbula e a pata esquerda) que estão totalmente expostos. Numa das patas traseiras é possível inclusive avistar uma das garras. O "gradeado" das costelas está articulado com as vértebras, e a cauda presa ao restante do esqueleto. Este Tecodonte era um animal carnívoro, leve, quadrúpede, com maior mobilidade que um Prestosuchus, como o que foi coletado pelos palentólogos da ULBRA em maio de 2010. Já o Dicinodonte, uma das presas favoritas do Tecodonte, era um animal herbívoro de médio porte.
A hipótese mais provável é que os dois animais sucumbiram em um mesmo evento climático, provavelmente uma grande seca seguida de uma inundação. Esta descoberta é importante porque o esqueleto, que é quase completo, pode trazer inúmeras informações da anatomia e na evolução destes répteis primitivos.
Os pesquisadores da ULBRA estão contando com a parceria de palentólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "Hoje temos aqui a presença do Marcel Lacerda, que é mestre e doutorando em Paleontologia de vertebrados, além do também doutorando Thiago Raugust, que deve chegar hoje à tarde aqui no acampamento. Esta integração é fundamental para podermos contar com conhecimentos diversos, além de uma massa crítica qualificada. Nosso objetivo é difundir a ciência e aproximar o conhecimento das pessoas", declarou Cabreira.
Os fósseis são de dois animais que viveram no Triássico Médio, há cerca de 238 milhões de anos. A região central do Rio Grande do Sul é rica em material fossilífero, mas este achado é recebido com alegria pelos pesquisadores por marcar um novo sítio de afloramento. "Este local não havia nenhum registro de fósseis até agora. Com este trabalho esta área passará a integrar uma região protegida legalmente para pesquisas", comentou Cabreira.
O biólogo e paleontólogo Lucio Roberto da Costa festejou o estado de conservação do fóssil. "Este animal está todo articulado, isto ajuda a identificar as características de locomoção, do tipo de ambiente que ele circulava, dentre outros estudos. Estamos felizes pela possibilidade de realização de diversas pesquisas e buscar o avanço da ciência", finalizou.
Para Marcel Lacerda, a possibilidade de estar no campo realizando esta pesquisa representa a evolução. "É uma oportunidade muito boa de ajudar a desenvolver a paleontologia no Rio Grande do Sul. Trabalhar integrado é muito bom, pois podemos trocar experiências. O doutor Cabreira é um profissional muito habilidoso em encontrar estes fósseis, e excelente em prospecção de fósseis, além de conhecer muito bem a região. Isto facilita o trabalho, que mesmo com toda a tecnologia, é realizado inicialmente visualmente e diretamente nos afloramentos", declarou.
Os pesquisadores permanecem no local do achado durante um período de aproximadamente sete dias para realizar os preparos para a coleta do material. Será produzido uma espécie de casulo de gesso que envolverá totalmente o bloco que está depositado o fóssil. Após esta etapa, o material será transportado até o laboratório da ULBRA em Cachoeira do Sul e, posteriormente, até Canoas.
Os fósseis estão a menos de 10 metros da RST 287, no km 173, em um terreno bastante úmido, numa ravina (vala feita pela chuva) na rocha sedimentar. "Quando procuramos, buscamos encontrar primeiro as rochas sedimentares, depois de encontradas partimos para uma análise de toda a extensão em busca de vestígios de materiais fósseis. Este trabalho é um hábito para nós pesquisadores", explicou Lucio Roberto da Costa.
Toda a pesquisa, desde o achado há cerca de um ano, está sendo realizada com autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Os paleontólogos contam com o auxílio de Dionatan Cabreira (filho de Sérgio Cabreira), Jelson Machado e Mauricio Brião, ambos funcionários da Universidade em Cachoeira do Sul.
Confira a galeria de fotos para donwload no http://migre.me/fzYng e a reportagem da ULBRA TV no http://migre.me/fzYxt .
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